Setor teve participação de 27,4% no PIB brasileiro, a maior desde 2004
Impulsionado pelos segmentos primário e de insumos, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro cresceu 8,36% em 2021. Calculado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), o setor alcançou participação de 27,4% no PIB brasileiro, a maior desde 2004 (de 27,53%). O movimento surpreendeu o setor — no último trimestre de 2021, o indicador chegou a recuar 2,03%.
De acordo com o Cepea, apesar das quedas trimestrais, no fechamento de 2021 o PIB cresceu para todos os segmentos do agronegócio. Como já observado nos relatórios anteriores, os segmentos primário e de insumos seguiram altas expressivas no ano passado, de 17,52% e 52,63%. Os PIBs para a agroindústria e os agrosserviços cresceram 1,63% e 2,56%, respectivamente.
Nicole Rennó, pesquisadora da área de macroeconomia do Cepea, da Esalq, disse à VERT que o movimento positivo é reflexo de dois fatores. O primeiro foi o desempenho positivo do setor entre os anos de 2020 e 2021 em comparação à performance da economia como um todo. Além disso, os preços tiveram ganhos expressivos em termos reais no período.
“Tivemos preços recordes em 2020 e novamente em 2021 para grãos, café, cana-de-açúcar, hortifrutis, boi e leite, o que ajudou a puxar para cima o setor como um todo”, destacou Rennó.
O movimento, porém, não deve persistir neste ano, aponta a especialista. Isso porque os patamares de preços dos últimos anos foram recordes, o que deve desaceleraram. “Com uma recuperação mais lenta da economia como um todo, combinado com o elevado desemprego e inflação, deve manter o poder de compra da população comprometido, o que limita esse comportamento altista”, afirma.
O faturamento estimado da indústria de fertilizantes e corretivos de solo cresceu expressivos 85,98% em 2021 frente ao ano anterior. “Este resultado refletiu o aumento de 14,20% da produção nacional e, principalmente, o avanço de 62,86% dos preços reais na comparação entre anos”, destacou o Cepea.
Além disso, a demanda aquecida no mercado global e as restrições de oferta — puxada pela escalada de preços do gás natural, matéria-prima utilizada na produção de amônia e nitrogenados — e as restrições de exportações pela China e Rússia, principais produtores mundiais, a partir de meados do segundo semestre, também contribuíram com o movimento.
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