O primeiro pico de investimentos em startups de crédito no Brasil ocorreu em 2017, ano em que essas fintechs levantaram um total de US$ 135,5 milhões
*Este texto é um trecho da newsletter que foi pensada e coordenada em conjunto com a Distrito.me.
O conteúdo pode ser acessado na íntegra ao final da publicação.O primeiro pico de investimentos em startups de crédito no Brasil ocorreu em 2017, ano em que essas fintechs levantaram um total de US$ 135,5 milhões. O segundo pico, muito mais acentuado do que o primeiro, aconteceu em 2019 e se estendeu até 2020, período em que as nossas techs de crédito receberam US$ 299,6 e US$ 345,5 milhões em aportes, respectivamente (gráfico). Provavelmente, esse ‘boom’ de investimentos tem a ver com os debates sobre o open banking no Brasil, que tiveram início em 2018. Com a aproximação da abertura do sistema bancário, os investidores passaram a apostar que as fintechs de crédito seriam capazes de alcançar um número muito maior de clientes em potencial e oferecer a eles um produto irrecusável: dinheiro.
No início do último agosto, a empresa de pagamentos Square pagou expressivos US$ 29 bilhões pela Afterpay, startup australiana fundada em 2015 e que abriu o capital para o público logo em 2017. Através de um modelo de negócios conhecido como buy now, pay later (BNPL), a Afterpay cobra uma taxa de varejistas para que eles ofereçam pequenos empréstimos nos pontos de venda, que seus clientes podem pagar em prestações sem juros. Se a solução lembra o nosso tão popular crediário, é porque a Afterpay não fez mais do que trazer esse velho modelo de carnês para o comércio eletrônico. Por incrível que pareça, nos Estados Unidos e em incontáveis outros países, a compra parcelada simplesmente não existe. O máximo que os consumidores americanos conseguem fazer é dividir a fatura do cartão de crédito, mas com juros altos. Pois foi justamente nos Estados Unidos que a After encontrou a sua maior fatia de mercado. Em 2020, dos 8,4 milhões de usuários ativos registrados na plataforma da fintech, cerca de 4,4 milhões eram estadunidenses. Aqui no Brasil, o crediário digital também parece estar virando tendência. Em novembro, a VirtusPay, fintech especializada no parcelamento de compras online, levantou R$ 100 milhões através de títulos de dívida emitidos pela securitizadora VERT Capital. Para Gabriel Lopes, sócio da VERT, a operação mostra o bom momento que as startups de crédito buy now, pay later estão atravessando no país e que a securitização é um caminho alternativo e saudável de financiamento para elas.
Em 2016 nasceu a VERT Capital, centrada no atendimento dos setores agrícola e imobiliário. Foi só em 2018, com a regularização e a expansão das fintechs no Brasil, que a techfin também passou a operar como securitizadora na área das finanças. Hoje, a VERT se define como uma empresa de tecnologia especializada em operações estruturadas com foco em securitização, realizando a emissão de debêntures financeiras, CRA, CRI, FIDC, entre outros instrumentos. Por fim, em 2019, e mais uma vez estimulada pela demanda do mercado, a VERT ainda inaugurou uma gestora para prestar serviços a fundos de investimentos. Quem nos falou mais sobre isso foi Gabriel Lopes, head de de Debt Capital Market (DCM) e sócio da VERT Capital. Leia a entrevista com ele abaixo:
A VERT sempre procura desenhar a melhor solução financeira para o cliente. E, dentro dessa premissa, buscamos entender as ‘dores’ desses clientes e todos os desafios olhando para o futuro. Nesse sentido, a discussão sobre a escolha de um produto, seja FIDC, debênture ou qualquer outro instrumento, é uma discussão muito secundária. Estamos muito mais focados em entregar uma solução financeira saudável para nossos clientes, que seja sustentável e escalável no longo prazo. Além disso, estamos preocupados em como apresentar essa solução para o mercado de capitais. No final do dia, o principal objetivo é encontrar o denominador comum entre o que o cliente quer, o que ele precisa e o que o mercado de capitais efetivamente busca.
Agora, falando sobre fintechs de uma maneira geral, temos duas verticais. A primeira é focada no cliente, e a segunda no mercado de capitais. Quando somos nós que fazemos a captação, também trazemos mais inputs adicionais, como pensar no desenho de uma estrutura, o nível de subordinação, olhar a fundo o portfólio do cliente, o que ele originou, como foi a performance daquela carteira... para pensar numa solução mais adequada para ele e desenhar o prazo ideal da operação em cima disso, a taxa que será captada no mercado.
Ademais, as fintechs não conseguem ter acesso a um capital nos bancos como têm no mercado de capitais. E acho que isso é muito interessante, porque a estrutura de securitização acaba sendo extremamente agradável para esse nicho. É um capital que tende a se perpetuar com o tempo. E nós fazemos de tudo um pouco aqui dentro. Nosso foco é atender todas as fintechs para construir em conjunto, independentemente do estágio em que ela esteja ou do tipo de setor que atue.
Do que vimos dos últimos meses, é um desenvolvimento expressivo no mercado focado para as fintechs de crédito. Já trabalhamos para estruturar operações de securitização para crédito estudantil, crédito direto ao consumidor (como foi o caso da VirtusPay, com o mercado de buy now, pay later), microcrédito (como foi o caso da RecargaPay), educação básica (com a PraValer), crédito pessoal clean para pessoas físicas no geral, crédito home equity, que fizemos com a Creditas... A gente não tem preferência em relação ao setor.
Entendemos que o mercado de crédito no Brasil é imenso, e as fintechs têm um papel crucial nele. E quando elas encontram respaldo no mercado de capitais para funding e originação desses empréstimos, o resultado é extremamente satisfatório. Impactamos muitas pessoas com o nosso trabalho, e a maneira que conseguimos fazer isso, dentro da VERT, foi com as estruturas de securitização.
O programa, lançado pelo Governo Federal, visou auxiliar na renegociação de dívidas das pessoas físicas, contribuindo para a diminuição do endividamento do país e na redução do percentual de inadimplência.
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