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ESG

Integração lavoura-pecuária: entenda como funciona adoção de técnica pela Embrapa

12/5/2022

Em 2004, a Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, criou a primeira unidade de referência com técnica ILP

Em busca de uma solução rentável e sustentável, os pecuaristas tradicionais têm utilizado cada vez mais a integração lavoura-pecuária (ILP) em seu dia a dia. A adoção desse tipo de técnica ocorreu durante a década de 1980 e, no Brasil, teve início com a Embrapa desenvolvendo pesquisas com essa tecnologia no campo.

Em 2004, a Embrapa, que é vinculada ao Ministério da Agricultura, criou a primeira unidade de referência em Mato Grosso com essa técnica em uma fazenda no instituto de Santa Carmem. Esses centros são conduzidos pelos próprios produtores, com base em recomendações dos pesquisadores da Embrapa e profissionais parceiros.

Na prática, esse tipo de sistema busca integrar sistemas de produção agrícola, pecuário e florestal, em uma mesma dimensão espacial e ou temporal. A ideia é rotacionar e revezar culturas de lavoura, como soja, milho, arroz e até capim com a pecuária.

Segundo Flávio Wruck, agrônomo e pesquisador da Embrapa, os resultados encontrados por ele nas unidades de referência são animadores e mostram como os ganhos de produtividade nesse tipo de sistema podem superar as técnicas tradicionais de monocultura. “A dica que eu dou para o pequeno e médio produtor é começar aos poucos com esse tipo de técnica. Não precisa ser nada feito da noite para o dia, até porque as mudanças começam a aparecer após uns 3 anos”, sinaliza.  

Prova do sucesso da adoção desse tipo de técnica pode ser visto em Mato Grosso, conta Wruk. A partir de uma extensa série de imagens de satélite, os pesquisadores monitoraram a expansão das áreas com sistemas lavoura-pecuária no Estado, apresentando os resultados da crescente adoção e concentração dos sistemas ILP em diferentes períodos. De acordo com dados da Embrapa, há pelo menos 20 unidades de referência espalhadas pelo país.

Mapas do Estado do Mato Grosso mostrando as áreas de maior adoção ou concentração de Integração Lavoura-Pecuária (Crédito: Embrapa)

Lavoura-pecuária e sua aplicação

Wruk explica que há três principais formas na hora de implementar esse tipo de sistema no campo. Na Fazenda Agropel, localizada em União do Sul (MT), os pesquisadores renovaram a pastagem degradada com arroz.

A segunda técnica, chamada Boi ”safrinha”, estabeleceu a produção de carne num pasto consorciado. “Nesses tipos de trabalhos, nós tivemos a oportunidade de validar as sucessões das culturas e checar o que está ou não dando certo. Aos interessados no tema, sempre indico tecer consórcios entre pecuaristas e lavouristas, costuma facilitar”, disse o especialista.

Modelo da Embrapa sobre a rotação lavoura-pecuária

O terceiro método utilizado pela Embrapa é chamado de Boi de 3ª Safra. É a produção de carne com consórcio de milho e, posteriormente, a sucessão pela soja. Nesses casos, há a rotação da utilização do espaço, com 2 anos de lavoura e 2 anos de pecuária.

Segue tabela que mostra bem a rotação lavoura-pecuária na prática:

Rotação lavoura-pecuária na prática (modelo Embrapa)

Régua mais alta contra desmatamento

Para os grandes produtores, além dos ganhos de produtividade, há ainda a cobrança de potências mundiais para a adoção da agenda ESG (governança ambiental, social e corporativa, na sigla em português) nos processos produtivos do agronegócio.

No final do ano passado, supermercados europeus boicotaram a carne brasileira após denúncias de esquemas de desmatamento. Nos EUA, grande comprador de produtos agrícolas brasileiro, também vem se movimentando nesse sentido. Ainda nesta semana, empresas e entidades ligadas ao agronegócio brasileiro enviaram uma carta ao presidente Joe Biden pedindo a aprovação de US$ 9 bilhões para a criação de fundo de conservação de florestas tropicais: o Amazon21 Act.

A VERT está, por sua vez, se posicionando como referência em operações e tratados ESG. Em novembro do ano passado, ao lado de mais seis empresas, a VERT e a DuAgro assumiram o compromisso de US$ 3 bilhões — com mais de US$ 200 milhões em desembolsos até 2022 — para a produção de soja e gado livre de desmatamento e conversão de habitats naturais, na América do Sul. O anúncio fez parte da iniciativa Finanças Inovadoras para a Amazônia, Cerrado e Chaco (IFACC, na sigla em inglês), criada pelas organizações The Nature Conservancy (TNC), Tropical Forest Alliance (TFA) e pelo Programa Ambiental da ONU (Unep).

Naiara Albuquerque

Palavras-chave

agronegócio, boi, sustentabilidade, ESG

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