Mercado de crédito de carbono é pauta em painel do MKBR22, evento realizado pela Anbima em parceria com a B3
Estima-se que a transição para a descarbonização até 2050 possa render US$ 12 trilhões em economias para o mundo, em comparação com os níveis atuais de uso de combustível fóssil, segundo estudo publicado pela revista Joule e revisado por pesquisadores da Universidade de Oxford.
Fazendo um recorte para o mercado voluntário de crédito de carbono, um estudo realizado pela ICC Brasil e a WayCarbon, apurou que o potencial de geração de receita até 2030 está entre US$493 milhões e US$ 100 bilhões. Em entrevista à Reuters, o diretor de Crédito Produtivo e Socioambiental do BNDES, Bruno Aranha, declarou que a expectativa é que o Brasil represente de 15% a 20% desse montante.
É de conhecimento geral que a economia de baixo carbono se tornou essencial para alavancar o desenvolvimento sustentável do país. Inclusive, uma das metas divulgadas na COP26 pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, foi de o Brasil alcançar a neutralidade de carbono até 2050. Mas para isso, um plano de ação precisa ser traçado, e o mercado de capitais pode cooperar nesse sentido, conforme pontuou Victoria de Sá, sócia-fundadora da VERT, no evento MKBR22 realizado pela Anbima em parceria com a B3.
Victoria comenta que a regulamentação do artigo sexto na COP26, foi o primeiro passo em direção a um mercado global de crédito. Falando especificamente do Brasil, ela declara: “uma iniciativa interessante que já foi feita, foi a própria determinação do crédito de carbono como ativo financeiro ambiental — não só o crédito de carbono, o de metano também e outros créditos de uma forma geral. Isso permite que comecemos a destravar o mercado financeiro. Ou seja, já podemos ter um mercado de capitais investindo nesse setor”.
Em relação aos principais desafios para escalar o modelo de financiamento dos projetos de carbono no Brasil, Mariana Cançado, co-CEO do Future Carbon, apontou — também no evento MKBR22 — a educação como ponto chave: “Temos um papel importante de educação do mercado financeiro. Por mais que o Decreto tenha colocado crédito de carbono como ativo financeiro, ainda tem muita insegurança de conhecimento sobre o que isso realmente significa. Vejo as gestoras e instituições financeiras olhando essa agenda, mas ainda com dificuldade de entender como esse ativo se comporta, quais são as curvas de preço, como é a correlação e relação com fatores macroeconômicos. Por isso, um passo importante para darmos como mercado é o de educação.”
Sobre a introdução do mercado voluntário de carbono no mercado de capitais, Victória de Sá declarou que dois itens importantes da lista já podem ser riscados: precificação e opções de instrumentos de captação (CRA, CRP Verde, Fiagro, FII). Mas a sócia-fundadora da VERT aponta uma questão que precisa de atenção: “uma das coisas que temos que tomar cuidado é a qualidade do crédito. O mercado voluntário ainda precisa amadurecer na questão de quanto efetivamente se está economizando, e é por isso que tem iniciativas como a Future Carbon junto, gente que conhece esse mercado. Isso é importante para conseguirmos evoluir e trazer a credibilidade para o mercado voluntário.”
As sócias-fundadoras da VERT, Fernanda Mello e Martha de Sá, participaram da COP26, em Glasgow. Fernanda anunciou em um dos painéis do evento a criação da IFACC (Inovação Financeira para a Amazônia, Cerrado e Chaco), iniciativa que se compromete em tonar disponível investimentos para atividades livres de desmatamento.
São empresas signatárias do pacto: AGRI3, DuAgro, Green Fund, Grupo Gaia, JGP Asset Management, Syngenta, Sustainable Investment Management e VERT. Juntas, as oito companhias se comprometeram a atingir US$ 10 bilhões em compromissos e US$ 1 bilhão em desembolsos, até 2025.
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