VERT, em parceria com a Digital Asset e com suporte da Oliver Wyman, tem projeto que visa desburocratizar processo de concessão do crédito rural obrigatório
Em março deste ano, o Banco Central (BC), em conjunto com o Fenasbac, anunciou nove projetos selecionados para participarem da implementação do real digital (LIFT Challenge) — uma versão do real que será transacionada apenas em ambiente digital. A proposta da VERT, em parceria com a Digital Asset e com suporte da Oliver Wyman, foi uma das iniciativas escolhidas. O projeto visa desburocratizar o processo de concessão do crédito rural obrigatório, fazendo uso do real digital.
O LIFT Challenge faz parte da evolução da digitalização da economia brasileira, movimento que tem como objetivo facilitar as transações financeiras e criar um sistema interoperável que possibilite a realização de pagamentos em uma única trilha e a execução de smart contracts — programas que se executam de forma automatizada a partir de requisitos acordados entre as partes envolvidas. A intenção é que dentro dessa trilha esteja incluso o financiamento rural com dinheiro carimbado, proposto pela VERT.
“O crédito rural obrigatório é supercomplicado de conceder”, explica Rodrigo Julian, CTO da VERT. Ele relata que uma das maiores dificuldades dos grandes bancos é identificar se o recurso está sendo utilizado da forma correta. “A concessão desse crédito, no formato como temos hoje, não funciona. Esperamos que essa tecnologia auxilie e proporcione um impacto social importante em um setor que é extremamente relevante para a economia brasileira”.
Além disso, Martha de Sá, co-CEO da VERT, explica que hoje o processo de concessão do crédito rural para os produtores é extremamente burocrático: “o produtor precisa ir até o banco, apresentar um projeto com uma série de dados, reunir papéis que comprovem a necessidade do crédito e que ele está apto para recebê-lo, e só depois passa para o período de análise e uma possível aprovação”.
Nesse contexto, é importante destacar que estamos falando de pequenos produtores, pessoas que dependem da disponibilidade dos recursos corretos para sua subsistência.
“Outro ponto é que esse público faz mais uso de recursos analógicos do que tecnológicos, o que torna a movimentação mais exaustiva. A intenção da moeda digital é utilizar bases de informações interconectadas (públicas e privadas) para melhorar a forma como esses pequenos produtores tomam crédito rural, tornando o processo mais ágil e menos burocrático”, esclarece a Martha de Sá.
O projeto da VERT ainda está em período de validações com o Banco Central. Mas, de acordo com a proposta inicial, a intenção é que logo na concessão do crédito a destinação do recurso (inovação, produção, ampliação, etc) seja especificada. O dinheiro programável será carimbado e somente poderá ser utilizado para a compra de insumos permitidos pelo MCR (Manual de Crédito Rural) e de acordo com o projeto apresentado.
“O produtor receberá um saldo em moeda digital. Após fazer a compra em uma revenda escolhida, ele usará essa moeda como pagamento e então isso será transformado em reais. A intenção é que funcione como se o banco tivesse feito a transferência diretamente para a revenda. Isso deixa a linha mais segura – por conta da rastreabilidade do dinheiro – e facilita também a comprovação do uso dos recursos por parte dos bancos”, explica a co-CEO da VERT.
Quando a instituição financeira possui acesso a uma gama maior de informações sobre o produtor e a destinação dos recursos, as chances de o agricultor receber um crédito maior aumentam. “Além disso, os agricultores não precisam passar por tantos trâmites e recebem o dinheiro no tempo correto da safra”, menciona a sócia-fundadora da VERT.
Em relação às instituições financeiras, a vantagem é o direcionamento de suas linhas de crédito de forma mais eficiente, menor custo e com maior rastreabilidade e segurança. Afinal, quanto menos pontos de contato existem, mais segura é a rastreabilidade.
A fase de testes do LIFT Challenge (real digital) teve início em setembro e continuará até o final do primeiro trimestre do próximo ano. De acordo com o cronograma, a fase piloto terá início no segundo trimestre de 2023.
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