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Agronegócio

Mudança do clima põe em cheque safra recorde de grãos no país

13/2/2022

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduziu sua estimativa para a safra de grãos na temporada 2021/22

A estiagem prolongada no Sul do país, que já tem afetado as lavouras em regiões como Paraná e Rio Grande do Sul, fez com que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduzisse sua estimativa para a safra de grãos na temporada 2021/22. A nova projeção ficou em 284,39 milhões de toneladas, ante 291,07 milhões de toneladas previstas no mês anterior.

No caso da soja, a nova projeção mantém o país como o maior produtor mundial da oleaginosa, com um crescimento de 3,8% na área e produção estimada em 140,5 milhões de toneladas ante 142,8 milhões no mês passado. “Além da versatilidade dos produtores, que estão cada vez mais estruturados a partir de informações de inteligência agrícola da Companhia, outros ganhos são resultado da organização e da parceria de instituições públicas e privadas para o desenvolvimento tecnológico da agropecuária nacional”, disse, em nota, o presidente da Conab, Guilherme Ribeiro.

Para o ciclo de milho de verão, a previsão foi de uma colheita de 24,8 milhões de toneladas, apenas 0,3% superior ao do ciclo passado e 14,7% menor que o previsto em dezembro. Levando em consideração a primeira, segunda e terceira safras, a projeção para o cereal ficou em 112,9 milhões de toneladas.

Para o algodão em pluma, a estatal informou que a previsão de colheita deverá crescer 14,8% ante a anterior, para 2,7 milhões de toneladas, — resultado 3,7% superior ao previsto no mês passado.

No caso do trigo, que acabou de ser colhido, a previsão para colheita ficou em 7,7 milhões de toneladas, um ajuste para baixo em relação à estimativa anterior de 7,8 milhões de toneladas. Mesmo com o recuo, a projeção é 23,2% superior ao que foi colhido no ciclo passado.

No caso da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a redução na projeção da safra de soja em 2020 ficou em 140 milhões de toneladas, um recuo de 4,8 milhões de toneladas em relação à estimativa anterior.

“A menor produção deverá se traduzir em um recuo nas projeções de exportação da soja in natura, de 93,4 para 91,1 milhões de toneladas, e do estoque final em 2022, mas ainda não se vislumbram impactos sobre o processamento que segue projetado em 48 milhões de toneladas”, diz Daniel Amaral, economista-chefe da Abiove, em nota.

No ano passado, o esmagamento de soja foi de 43,5 milhões de toneladas, 0,5% inferior ao ano anterior, segundo informações da Abiove. O país exportou 86,1 milhões de toneladas de soja em grão em 2021, 17,2 milhões de toneladas de farelo e 1,7 milhão de óleo.

Cotidiano afetado

Além das projeções, o cotidiano dos agricultores também foi severamente afetado — além da estiagem no Sul do país, há relatos de excesso de chuvas no Centro-Sul e Centro-Oeste, segundo informações da Emater-MG compiladas pelo jornal Valor Econômico. Cerca de 127 mil agricultores ou pecuaristas de Minas Gerais foram afetados.

Além do clima, a escassez de fertilizantes durante novembro e dezembro do ano passado também foi relatada pelos agricultores à Emater — período é importante já que é quando o café necessita de maior volume de adubo para a formação dos frutos até a colheita.

Na América do Sul como um todo as perdas em razão das mudanças climáticas poderão atingir 20 milhões de toneladas nesta safra em comparação ao potencial que tem, segundo a analista da AgRural Daniele Siqueira em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

Naiara Albuquerque

Palavras-chave

grãos, soja, milho, conab, clima

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