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ESG

Saldo da COP27: “Nosso planeta ainda está na sala de emergência”, diz secretário geral da ONU

22/11/2022

Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas finaliza duas semanas de negociações com acordo sobre 'perdas e danos' para países vulneráveis

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27) aconteceu entre os dias 6 e 19 de novembro em Sharm El Sheikh, no Egito. Após duas semanas de negociações, que se estenderam até a madrugada de domingo, os mais de 190 países participantes chegaram a um acordo que estabeleceu um mecanismo de financiamento para compensar nações vulneráveis ​​por 'perdas e danos' causados ​​pelas mudanças climáticas.

De acordo com o The Wall Street Journal, o fundo — que era solicitado por países vulneráveis há três décadas — destinará recursos para situações como: elevação do nível do mar, tempestades graves e outros efeitos que os cientistas vinculam ao clima e causam destruição repentina ou irreparável.

Outro compromisso firmado na COP27, foi a criação de um "comitê de transição" integrado por 24 países. Esse comitê estudará durante um ano como operacionalizar os novos acordos de financiamento do fundo, para apresentar na COP28, no final de 2023. É previsto que o financiamento recairá, principalmente, sobre os países que mais contribuem com o aquecimento global.  

As delegações também concordaram em trabalhar para ter uma redução rápida, profunda e sustentável das emissões de gases do efeito estufa, para continuar os esforços de limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5°C.  

O Presidente da COP27, Sameh Shoukry fez um apelo às delegações: “Peço a todos vocês que vejam esses projetos de decisão não apenas como palavras no papel, mas como uma mensagem coletiva para o mundo de que atendemos ao chamado de nossos líderes, das gerações atuais e futuras para definir o ritmo e a direção correta para a implementação do acordo de Paris e a conquista de seus objetivos”.

Apesar da decisão ter sido celebrada, diversos líderes globais demonstraram descontentamento com a falta de medidas efetivas para redução das emissões geradas pelo uso de combustíveis fósseis. Foi o caso do Secretário-Geral da ONU, António Guterres: “Nosso planeta ainda está na sala de emergência. Precisamos reduzir drasticamente as emissões agora — é uma questão que esta COP não abordou. Um fundo para perdas e danos é essencial — mas não é uma resposta se a crise climática apagar um pequeno estado insular do mapa — ou transformar um país africano inteiro em deserto. O mundo ainda precisa de um salto gigante na ambição climática. A linha vermelha que não devemos cruzar é a linha que leva nosso planeta acima do limite de temperatura de 1,5°C. Para isso, precisamos investir maciçamente em energias renováveis ​​e acabar com nosso vício em combustíveis fósseis”. 

Brasil na COP27

Pesquisadores brasileiros apresentaram na sexta-feira (11), um estudo que mostra que a Mata Atlântica pode alcançar a neutralidade de emissões de gases do efeito estufa (GEE), antes dos compromissos de 2050. De acordo com a pesquisa, o bioma Mata Atlântica detém 27% da área agropecuária do Brasil e é responsável por, aproximadamente, metade da produção de alimentos para consumo direto da população do país. Mas emite somente 26% do total de gases de efeito estufa do setor agropecuário.  

Para que a neutralidade das emissões de uso da terra no bioma possa ser alcançada, o estudo sugere a combinação de algumas mudanças:

  1. O fim do desmatamento — como prometido na COP26;
  2. O aumento da regeneração e da permanência das florestas regeneradas naturalmente;
  3. A restauração florestal de regiões com baixo potencial para regeneração natural;
  4. A ampliação de sistemas de produção agrícola de baixo carbono.
Emissões de Gases do Efeito Estufa no Brasil em 2018

Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo firmaram na segunda-feira (14) um acordo de cooperação pelas florestas tropicais e pela ação climática. A aliança tem como objetivo valorizar a biodiversidade e promover remuneração justa pelos serviços ecossistêmicos fornecidos pelos três países — que são donos das maiores florestas tropicais do mundo.  

No dia seguinte, foi a vez do governo federal anunciar a criação da Agenda Brasil + Sustentável. O documento apresenta medidas adotadas nos últimos quatro anos que estariam alinhadas com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), um apelo global para acabar com a pobreza e proteger o meio ambiente. Ao todo, foram listadas mais de 800 ações.

E na quarta-feira (16), o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse na Conferência das Nações Unidas que “o Brasil está de volta”. Lula ressaltou em seu discurso os alertas da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre como a crise climática compromete vidas e gera impactos negativos na economia dos países.  

De acordo com projeções da Organização, entre 2030 e 2050, o aquecimento global poderá causar, aproximadamente, 250 mil mortes ao ano, por desnutrição, malária e estresse, provocados pelo calor excessivo. O presidente eleito fez também uma promessa: "Não há segurança climática para o mundo sem uma Amazônia protegida. Não mediremos esforços para zerar o desmatamento e a degradação de nossos biomas até 2030”.

Fontes: ONU / Agência AFP / Poder 360 / SOS Mata Atlântica / Agência Brasil

Marlana Zanatta Rodrigues

Palavras-chave

ESG, COP27

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