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Economia

Países diversificam reservas com dólar em queda e conflito russo na Ucrânia no radar

7/4/2022

No Brasil, o Banco Central informou que a reserva com a moeda americana caiu para 80,34% em 2021 ante 86,03% um ano antes

O conflito russo na Ucrânia tem afetado economias em todo mundo, incluindo as reservas de dólar. No Brasil, o Banco Central informou que a reserva com a moeda americana caiu para 80,34% em 2021 ante 86,03% um ano antes — foi o menor patamar desde 2014.

Por outro lado, a autoridade brasileira aumentou a participação de yuan, a moeda chinesa, nas reservas internacionais para 4,99%. Em relação ao ano anterior, o percentual alocado em 2021 foi quatro vezes maior (1,21%).

A fatia aplicada para a libra esterlina também cresceu e passou de 2,02% em 2020 para 3,47% em 2021. O ouro, por sua vez, uma tradicional proteção contra a inflação, teve a sua posição aumentada de 1,19% para 2,25%.

Em relatório, o Fundo Monetário Internacional (FMI), disse que a tendência para a diversificação de moedas nas reservas dos países é bastante dividida entre economias emergentes e avançadas.

Segundo o levantamento, a China surge como o maior detentor de moedas não-tradicionais, seguido pela Suíça com US$ 97,5 bilhões e pela Rússia com US$ 94,7 bilhões.

A tendência já foi explanada por outras entidades. Para a economista-chefe de Brasil do Banco Credit Suisse, Solange Sour, vários Bancos Centrais começaram a diversificar suas reservas. "A própria Rússia já havia se desfeito de um número significante de treasuries americanos. Os países tendem a diversificar suas reservas para ficarem menos vulneráveis à volatilidade de uma moeda específica e também pela questão geopolítica", disse ao podcast O Assunto.

Em relatório distribuído aos clientes, o BTG avaliou que o Real mantém sua trajetória de apreciação, explicado por um cenário de exportação cada vez mais positivo “com a elevação dos preços do petróleo, minério de ferro e grãos que melhoram a balança comercial e justificam o ingresso mais robusto do fluxo de capitais estrangeiros para o mercado doméstico”. Até o final do ano, pondera o BTG: “O Real pode perder a atual tendência de apreciação em função do quadro inflacionário americano”.

Além disso, o movimento do câmbio tem relação direta com as exportações de commodities agrícolas. No caso do Brasil, um real mais forte em relação ao dólar desencoraja a venda para exportação dos produtores de café do país — que são os maiores produtores mundiais do grão.

A moeda americana domina as reservas internacionais desde a década de 70, mas esse movimento começou a ser desenhado durante a Segunda Guerra Mundial. Mesmo com o conflito recente, a hegemonia do dólar segue longe de ser ameaçada. De acordo com dados do FMI, o dólar americano segue sendo a principal moeda utilizada pelos países para compor suas reservas internacionais.

Naiara Albuquerque

Palavras-chave

dólar, câmbio, reservas, commodities

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