
Entenda os desafios e avanços para garantir transparência, segurança e atendimento eficiente no mercado de securitização, discutidos no painel da VERT no Uqbar Day 2025.
Durante o Uqbar Day 2025, a VERT conduziu um painel que reuniu Fernanda Mello, CEO da VERT Capital, e Felipe Farah, gestor de fundos de investimento da Itaú Asset Management, para discutir como transparência, segurança e atendimento se tornaram fatores decisivos para o fortalecimento da confiança no mercado de securitização e fundos.
O debate abordou desde a padronização das informações e o papel da tecnologia, até o atendimento aos investidores e os desafios da governança no cenário regulatório atual.
A conversa começou com uma provocação direta: qual é o mínimo que o mercado precisa garantir em termos de transparência?
Para Felipe, o ponto central é acessibilidade e padronização das informações. Ele destacou que os investidores ainda enfrentam barreiras para obter dados consistentes entre diferentes tipos de instrumentos (CRIs, CRAs, debêntures e FIDCs) o que dificulta comparações e aumenta a assimetria de informações.
“Precisamos caminhar para um mercado com algum grau de padronização. Entender o que é perda, o que é fluxo, o que é índice de cobertura... Isso deveria estar acessível de forma simples e uniforme em todos os canais, sejam os sites das securitizadoras, administradores, ou nos próprios relatórios regulatórios.”
Fernanda reforçou o ponto ao observar que os avanços regulatórios recentes, impulsionados pelo novo marco legal da securitização, já aproximaram as exigências entre fundos e títulos de crédito. Ainda assim, há espaço para incorporar as melhores práticas de cada instrumento e torná-las padrão em todo o mercado.
Outro ponto importante foi o papel dos prestadores de serviços fiduciários — administradores, custodiante, auditores e securitizadoras — na construção de confiança.
Segundo Felipe, o investidor institucional não deve fazer diligência apenas sobre os ativos, mas também sobre os prestadores de serviço.
“Em operações estruturadas, a diligência é dupla. Avaliamos o ativo, mas também quem o está administrando. Procuramos parceiros que combinem tecnologia, diligência e seriedade, porque é isso que gera confiança e atrai mais volume de investimento.” Fernanda complementou destacando que a tecnologia é indispensável para garantir segurança e precisão nas informações, mas não substitui o fator humano. O relacionamento próximo, o atendimento e a disponibilidade continuam sendo diferenciais na percepção do investidor.

Felipe destacou que a falta de clareza e de canais estruturados de atendimento ainda é um gargalo. Ele relembrou que, no início dos anos 2010, o sonho de muitas securitizadoras era ter uma área de Relações com Investidores (RI) — algo comum em companhias abertas, mas raro no mercado de securitização.
“Hoje, já avançamos muito em transparência, mas ainda falta melhorar o user experience. Precisamos de times dedicados para atender dúvidas dos investidores. A informação padronizada resolve boa parte das demandas, mas o relacionamento humano é necessário para aquele 1% de dúvidas que surgem.”
Ele observou ainda que o investidor precisa de respostas rápidas e canais claros, especialmente em operações pulverizadas, que muitas vezes não contam com as mesmas facilidades informacionais das operações listadas em bolsa ou das operações de devedor concentrado.
Ao comparar fundos e títulos de crédito, Fernanda observou que a regulação tem estreitado as diferenças entre os instrumentos, mas ainda há assimetrias. Enquanto os FIDCs oferecem cotas diárias e relatórios detalhados, os títulos de crédito ainda não têm atualização diária de indicadores como prêmio e valor de referência — algo que, segundo ela, poderia ser facilmente implementado.
“Seria simples adotar uma métrica semelhante à da cota diária dos fundos também para debêntures e certificados de recebíveis. Essa equiparação informacional fortaleceria a comparabilidade e a credibilidade dos instrumentos.”
O diálogo também abordou o papel da regulação e da autorregulação.
Felipe defendeu que o amadurecimento do mercado virá conforme as próprias instituições continuem incorporando boas práticas de forma proativa, indo além do cumprimento de exigências.
O painel encerrou com uma mensagem clara: transparência, segurança e atendimento não são obrigações, mas sim diferenciais competitivos.
As securitizadoras e administradores que adotarem boas práticas informacionais, tecnologia segura e uma cultura de atendimento próxima sairão na frente na construção de um mercado mais sólido e atrativo para investidores.
Como sintetizou Fernanda, “confiar é diferente de acreditar, e a confiança nasce de dados claros, processos seguros e relacionamentos humanos genuínos.”

Na abertura do evento, a VERT foi reconhecida com o Prêmio Uqbar de Transparência, na categoria que celebra as instituições financeiras que mais se destacaram pela clareza, qualidade e integridade das informações divulgadas ao mercado.
A premiação reforça o compromisso da VERT com a governança, a comunicação responsável e a construção de um mercado de capitais mais confiável e eficiente, reafirmando na prática os valores que pautaram o painel: transparência, segurança e atendimento.
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