Após mais de um ano do início da pandemia de covid-19, o perfil do investidor brasileiro segue concentrado nas classes A (70%) e B (47%).
Após mais de um ano do início da pandemia de covid-19, o perfil do investidor brasileiro segue concentrado nas classes A (70%) e B (47%). Além disso, os que investem no país são predominantemente do sexo masculino e têm entre 16 e 24 anos, segundo a 4ª edição do Raio X do Investidor Brasileiro, levantamento desenvolvido pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e com apoio do Datafolha. Na outra ponta, os não investidores seguem concentrados na classe C, faixa de renda que responde por 74% do conjunto da população brasileira que encerrou 2020 sem nenhum dinheiro investido.
O levantamento, feito em novembro e dezembro do ano passado, entrevistou 3.408 pessoas das classes A, B e C. Ao todo, 27% dos brasileiros relataram que montar a reserva de emergência era uma prioridade. Em 2019, o montante estava em 17%.
O conhecimento dos produtos de investimento que existem no mercado segue tendo a poupança como o principal exemplo. Em 2020, o índice se manteve estável ao ano anterior em 89%. Em contrapartida, houve um aumento significativo nas citações espontâneas de outros produtos. No ano passado, o conhecimento quanto a ações (21%) subiu nove pontos percentuais, enquanto títulos privados aumentou seis pontos para 14% e títulos públicos (14%) e fundos de investimentos (12%) ganharam quatro pontos na comparação ao ano anterior.
Que a pandemia mudou a forma como as pessoas consomem isso estava dentro da expectativa dos especialistas. No mercado financeiro, porém, esses reflexos ainda estão sendo identificados. Isso porque em 2020 o número de investidores caiu pela primeira vez desde que a pesquisa é feita. O recuo foi puxado pela abstenção da classe C.
A falta de recursos foi apontada como a principal barreira que dificulta a vida dos brasileiros como investidores. Cerca de 74% das pessoas indicaram que não guardam dinheiro de jeito nenhum, mesmo índice de 2019. Desses, a falta de dinheiro e os salários baixos são a justificativa para 55% (contra 56% no ano anterior), enquanto o desemprego ou a subsistência por meio de “bicos” foi apontada por 8% (11% em 2019).
“Também de forma inédita, a compra da casa própria não foi o principal destino para o dinheiro economizado pelas pessoas das classes A, B e C. Em tempos de pandemia, a segurança falou mais alto: a necessidade de manter uma reserva de emergência ou um dinheiro guardado subiu na preferência dos brasileiros”, concluiu o relatório da Anbima.
Apesar da clara falta de investidores da classe C, há iniciativas que tentam alavancar a participação dos brasileiros. Recentemente, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) colocou em discussão uma potencial mudança para investidores qualificados. Atualmente, um investidor qualificado tem que comprovar um patrimônio de pelo menos R$ 1 milhão — a mudança seria para R$ 600 mil, ainda muito longe da renda de brasileiros da classe C (rendimentos entre R$ 4.401 e R$ 11 mil ao mês).
Ainda nesse sentido, a Assessoria de Análise Econômica e Gestão de Riscos (ASA) propôs que o valor seja, em média, de 15 salários ao mês. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o chefe da ASA, Bruno Luna, disse que, pelos parâmetros atuais, o investidor que não tem R$ 1 milhão é excluído do mercado no momento em que está acumulando patrimônio. “Os investidores [de varejo] já aplicam em produtos mais arriscados. O mercado cripto, que a CVM não regula, é uma realidade”, destacou.
Até 2015, a CVM identificava como investidor qualificado aqueles com patrimônio acima de R$ 300 mil.
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